sábado, 29 de janeiro de 2011

Uma chícara de café e uma nova espécie de amor.



Eu sempre quis escrever sobre uma chícara de café. Mas eu sempre quis escrever sobre a chícara de café sendo duas vezes mais complexa, sabe? Aliás, complexa não sei se seria a palavra certa, mas talvez metafórica, sim. Essa sim, seria. Eu queria falar os detalhes da chícara, queria falar sobre o gosto do café, se eu estava sentada ou deitada, se eu estava com os pés sobre a mesa de centro da sala de estar ou se eu estava largada no quarto que tem as paredes pintadas de preto. Queria falar sobre aquela tarde, aliás não.. Queria mesmo era falar sobre o café daquela tarde. Isso.. Sobre o café daquela tarde. Ah, o café! Eu sentia aquele gosto doce e ao mesmo tempo amargo na boca, e me perguntava o por que daquele gosto.. Já que são tão opostos. E o próprio café me respondia, segundo ele, aquele gosto que eu sentia não existia, eu havia me acostumado tanto a aquele café de fim de tarde, que eu criei uma certa ilusão quanto ao gosto do café. Ele era um café comum, um café amargo e que as vezes trincava no dente, mas eu insistia em reforçar a minha idéia de que aquele café era doce e amargo ao mesmo tempo... Mas ele não era. No fim da rua, havia uma casa pequena, devia ter um quarto e um banheiro somente, era uma casa para e não para dois. Dentro dela morava um rapaz, um moço, um menino, um homem, tanto faz. Ele me atraia, e eu sabia que eu atraia a ele também. Depois de um tempo ficamos bem próximos um do outro, e ele me ensinou que amor é apenas mais uma dessas contradições que a vida faz você se deparar(um exemplo seria o doce e o amargo do meu café de fim de tarde). Ele me fez acreditar que o amor não existia, que o amor era apenas o nome que a gente costumava dar a aquela sensação de ter tudo e não precisar de nada, sabe assim? e no fundo era o que realmente era. Eu não queria acreditar nessa teoria dele, mas ele passou a frequentar a minha casa todos os dias nos fins de tarde porque ele sabia do meu segredo, ele agora sabia do meu sigiloso café de fim de tarde, e com todas essas atitudes, ele tinha em mente um único propósito, me fazer acreditar na sua teoria sobre a nossa espécie do amor. E com o tempo, ele acabou conseguindo. E depois ele sumiu, saiu, foi passear. E não mais voltou. E voltaria agora? Quem sabe, quem sabe. Mas agora eu havia criado uma nova espécie de um novo amor... A de que esse negócio de amor só é eterno na cabeça da gente e que na prática, ele um dia acaba.

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"Talvez eu até esteja errado, mas que se dane. Se uma pessoa não tem paciência nem pra conquistar minha confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar, então? Sou quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um jogo mais fácil. Eu supero e agradeço." - Tati Bernardi