segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"Morrer é um exagero."



“Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam para nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um clichê. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu! Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por 1 rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça!”  - Pedro Bial.

sábado, 29 de janeiro de 2011

"Me sinto aliviadamente preparada para o dia seguinte, que tem como conteúdo: Berros, porradas e um bêbado no fim da noite deitado ao meu lado."


Não há explicações para isto. Ele simplesmente me sacode, me balança, grita comigo, e ainda pede, implora, para que eu fique. Mas, ficar pra que? - Então ele me olha, grita, berra, chinga, diz que me odeia, sabendo que daqui a 20 segundos vai voltar a dizer que me ama. Mas por que? Por que ele faz isso? Todos os dias eu saio cedo para mais um longo dia, e quando chego em casa... Lá está ele, sentado no sofá menor que fica de frente pra aquela mesa de centro vermelha e velha próximo a porta do apartamento, com um cigarro em uma mão e uma garrafa de cerveja na outra, pronto para mais um ataque. E eu fico na espera, já chego preparada com o fone de ouvido posto em mim, e me esquivando para que ele não acerte no meu corpo, os locais que já estão machucados. Me tranco no nosso quarto, e durante a madrugada confesso que tenho medo daquele homem que se deita ao meu lado, todas as noites. Mas ele dormindo nada faz, está bêbado, o álcool corre em suas veias e o cigarro cutuca o seu pulmão, então ele nada pode fazer. Me sinto aliviadamente preparada para o dia seguinte, que tem como conteúdo: Berros, porradas e um bêbado no fim da noite deitado ao meu lado. É e será sempre assim, ao menos até o dia em que eu quiser que não mais seja. Até lá, continuo dormindo ao lado desse homem que tanto me machuca, mas que sem ele eu não tenho sequer uma história dramática para contar.

"Eu gosto de saber que tudo nessa tal de vida, é extremamente difícil. E que doer? Faz parte."



Eu sou apenas uma menina, uma pobre menina, com muitos sonhos e planos para o que chamamos de vida. Que por sinal, nem sempre é realmente uma Vida. Para muitos viver, é algo bem simples. Para muitos, se você respira, conversa com as pessoas ao seu redor, tem sentimentos e pensamentos, você vive. Para outros, viver é uma realidade raríssima. Para outros, se você tem total equilibrio psicológico, aproveita cada centésimo do seu dia, e ainda consegue forças no fim do dia pra encher o peito e dizer com todo orgulho: "Caaara, eu amo essa vida! eu amo viver!", aí sim você vive! Eu nunca soube responder o que é viver, até hoje convivo com a tése de que "Muitos existem, poucos vivem", não sei responder se estou certa acreditando nessa realidade, se é que podemos chamar assim, mas eu gosto dessa realidade. Eu gosto de saber que tudo nessa tal de vida, é extremamente difícil. E que doer? Faz parte. Tudo isso são compostos não para a minha felicidade(até porque acredito que felicidade, todo mundo sabe muito bem o que é, mas ninguém sabe explicar) mas para a minha satisfação. E isso já está de bom tamanho. Ao menos para mim.

Uma chícara de café e uma nova espécie de amor.



Eu sempre quis escrever sobre uma chícara de café. Mas eu sempre quis escrever sobre a chícara de café sendo duas vezes mais complexa, sabe? Aliás, complexa não sei se seria a palavra certa, mas talvez metafórica, sim. Essa sim, seria. Eu queria falar os detalhes da chícara, queria falar sobre o gosto do café, se eu estava sentada ou deitada, se eu estava com os pés sobre a mesa de centro da sala de estar ou se eu estava largada no quarto que tem as paredes pintadas de preto. Queria falar sobre aquela tarde, aliás não.. Queria mesmo era falar sobre o café daquela tarde. Isso.. Sobre o café daquela tarde. Ah, o café! Eu sentia aquele gosto doce e ao mesmo tempo amargo na boca, e me perguntava o por que daquele gosto.. Já que são tão opostos. E o próprio café me respondia, segundo ele, aquele gosto que eu sentia não existia, eu havia me acostumado tanto a aquele café de fim de tarde, que eu criei uma certa ilusão quanto ao gosto do café. Ele era um café comum, um café amargo e que as vezes trincava no dente, mas eu insistia em reforçar a minha idéia de que aquele café era doce e amargo ao mesmo tempo... Mas ele não era. No fim da rua, havia uma casa pequena, devia ter um quarto e um banheiro somente, era uma casa para e não para dois. Dentro dela morava um rapaz, um moço, um menino, um homem, tanto faz. Ele me atraia, e eu sabia que eu atraia a ele também. Depois de um tempo ficamos bem próximos um do outro, e ele me ensinou que amor é apenas mais uma dessas contradições que a vida faz você se deparar(um exemplo seria o doce e o amargo do meu café de fim de tarde). Ele me fez acreditar que o amor não existia, que o amor era apenas o nome que a gente costumava dar a aquela sensação de ter tudo e não precisar de nada, sabe assim? e no fundo era o que realmente era. Eu não queria acreditar nessa teoria dele, mas ele passou a frequentar a minha casa todos os dias nos fins de tarde porque ele sabia do meu segredo, ele agora sabia do meu sigiloso café de fim de tarde, e com todas essas atitudes, ele tinha em mente um único propósito, me fazer acreditar na sua teoria sobre a nossa espécie do amor. E com o tempo, ele acabou conseguindo. E depois ele sumiu, saiu, foi passear. E não mais voltou. E voltaria agora? Quem sabe, quem sabe. Mas agora eu havia criado uma nova espécie de um novo amor... A de que esse negócio de amor só é eterno na cabeça da gente e que na prática, ele um dia acaba.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Por que?





Por que você chora ao invés de sorrir? Por que se estristece ao invés de se sentir feliz? Por que lá fora está chovendo ao invés de fazer sol? Por que as maçãs precisam ser vermelhas para se sairem bem na foto? Por que os olhos daquela menina denunciam a pobreza ao invés de uma vida cheia de diversão? Por que eu preciso me levantar todos os dias para viver as mesmas coisas sendo que eu poderia dormir eternamente e só acordar no dia em que algo surpreendente decidisse ocorrer na minha vida? Por que eu vivo? Por que eu respiro? 
Por que a minha vontade de parar é tão grande quando comparada a minha vontade de levantar e seguir em frente? Por que eu me sinto tão fraca e desprotegida? Por que? Por que eu sou tão frágil e sensível? Por que que o meu coração dói, se eu não sinto dor alguma? Uma lágrima escorreu em meu rosto. Mas eu não senti absolutamente nada. 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

E agora, que faço eu da vida sem a Dor?

Ouvindo "Caetano Veloso - Você Não Me Ensinou A Te Esquecer". Recorro a um pedaço de papel, e a minha caneta preta. Ultimamente tenho achado que um pedaço de papel e uma caneta, talvez tenham se tornado meus alicerces, o meu esconderijo, o lugar que vai me receber em quaisquer das circunstâncias, a casa que eu sei que mesmo se eu passasse dois três meses viajando, e depois disso voltasse.. Continuaria sendo muito bem vinda. E ainda melhor que das vezes anteriores. Talvez. E então, escrevo:


 - Hoje eu acordei sentindo falta de algumas coisas. De algumas pessoas. De alguma pessoa. Não sei se a explicação seria a data tão expressiva e significante para mim. Ou se é apenas a tal solidão mesmo, aquele nózinho desatado na garganta, sabe? Como se eu tivesse bebido todas ontem a noite, e de presente no dia seguinte, recebido uma ressaca daquelas que quando você acorda só consegue pensar em água, água e água. Eu posso entender isso com uma sede, mas na questão talvez não seja somente a sede. Dizem que eu devo me abrir mais com as pessoas, que devo conversar mais sobre todas as minhas inseguranças, todas as minhas sedes, que devo procurar compreender mais os meus pais, os meus amigos, a minha vida. Mas no que isso resultaria? Já fiz isso antes. E no que deu? A única resposta que conseguem pensar é: "Poxa, amiga. Relaxa, vai dar tudo certo. Por que você não faz isso, isso e aquilo?" Isso não me ajuda. Nem alivia a minha sede, o meu fanatismo incomum. Talvez se ficassem apenas calados me olhando e fazendo aquela carinha de quem acharia legal dizer: "Estou contigo, estou aqui." ou então, pedissem pra eu deitar no seu colo. Um cafuné, quem sabe? Acalmaria mil vezes mais a minha dor, a minha vontade de sair e resolver tudo da maneira mais fácil. Eu não culpo os meus amigos por eu ser quem eu sou hoje. Aliás, eu não culpo a ninguém. Se eu sou o que eu sou hoje, se eu me tornei uma pessoa seca, sem qualquer sinal de caridade, é porque o mundo me ensinou a ser assim. Mas o que a minha sede tem haver com a tal data tão memorável? Não sei. Eu começo a escrever, falar sobre o meu estado atual, pulando assunto por assunto, e acabo esquecendo do assunto anterior. Mas, aquela garota do ponto de ônibus me disse que, Ela queria dizer apenas uma coisa... Uma única coisa para Ele. E que Ela espera que um dia Ele queira ouvir o que Ela tem a dizer, Ele dê a atenção que ela tanto implorou silenciosamente.


E aquela guría deseja-te, muitas alegrias, momentos felizes e inesquecíveis, pessoas maravilhosas em sua vida, paz, tranquilidade, equilibrio... Que todos os seus grandes sonhos se tornem grandes, enormes, realizações. Que você consiga construir meios de tornar a sua tão sonhada vida, uma vida de verdade. Que você consiga fazer com que todos os seus desejos, todos mesmo, se tornem reais. E que quando estiver na sua terceira idade, consiga recordar-se de todas as coisas boas que a vida te ofereceu. E consiga lembrar também, da tal guría que queria te dizer uma coisa antes de partir. Fim.

A Cabana.



Só porque você acredita firmemente numa coisa não significa que ela seja verdadeira. Disponha-se a reexaminar aquilo em que acredita. Quanto mais você viver na verdade, mais suas emoções irão ajudá-lo a ver com clareza.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A velha, o trem e a tal lição.

Sentada num banquinho qualquer com um caderninho na mão e uma mente cheia de idéias, próximo a um trem que está prestes a partir, escrevo sobre o meu consciente, enquanto o trem passará logo a frente. Enquanto poderia eu, estar seguindo neste vagão; enquanto poderia eu, daqui a algumas horas estar deitada no teu colo,  você me fazendo cafuné e dizendo que eu sou a sua preciosidade, o seu bem tão valioso, e que ocupo um lugar especial no teu coração. Enquanto todos os acasos poderiam ser destino, enquanto todas as idéias subitamente loucas poderiam ser uma obra divina perfeita. Mas o que seria isto agora? Um vago passado? Uma amostra, uma pequena teoria daquilo que costumamos chamar de momento? Será que todas as frases bonitas daquele livro com a capa colorida, todas as palavras melosas e altamente intensas que costumam elevar o nosso humor, o nosso ego, o nosso interior, foram jogadas na lixeira? Ou será que mesmo cansada, calada, com sono, elas voltarão a cantar um dia, canções que preencheram tal laço? E, será que esse laço existirá daqui a dois, três, quatro anos? - Teoria. - Olho ao meu redor e percebo que há uma mulher de cabelo branco com aparência jovem me observando, bem de longe. Mas, por que? O que queres aquela mulher? Então, passo a observá-la também. Mas, ela me parece ser um tanto traissoeira. Mas, por que? Ela agora caminhava em minha direção... E finalmente chega, e para, e me olha, e respira, e me diz... O que esperas tu da vida, guria? Para onde vais? Por que estais sentada escrevendo enquanto poderias estar agindo? Cantando, dançando, sorrindo, correndo, gritando... Vivendo?  E me virou as costas. Ela saiu caminhando, do nada, sem expressão alguma. Então eu abaixei a cabeça, olhei para o caderno, e resolvi correr pra ver se ainda alcançava o tal trem. Ele estava prestes a sair, precisei me esforçar, e corri. Corri, corri, corri, desesperadamente, e finalmente consegui alcança-lo. Subi. E quando me sentei, lembrei daquela mulher que agora a pouco havia me ensinado algo tão vago mas, com um valor tão extremo. Ela havia me ensinado uma nova lição desse livro fantástico que é a vida. Mas, ainda assim... O que mais me preocupava, não era a velha com aparência jovem, nem o trem, nem a tal lição.. O que mais me preocupava, era não saber de você. Não saber onde estava, com quem estava, e para onde estava indo. Se é que estava indo para algum lugar. Mas, espero um dia encontrá-lo. Novamente.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O velho, o cachorro e a gota de suor - Tati Bernardi

Estou sentada com você ao meu lado. A magreza do seu joelho me parece ser nesse segundo a única coisa que realmente faz o mundo girar. Olho pro seu joelho e quero uma página branca de Word pra escrever "a magreza do seu joelho me parece tão forte agora que faz o mundo inteiro girar". Como é bonita toda a sua magreza e toda a sua altura e o seu andar de coqueiro que dança, se espalha, seduz o ar, mas é tão preso no chão que ainda mata sedes. Está escurecendo e daqui seis horas é ano novo. Preciso começar do zero. Combinei comigo que vou escrever sobre outras coisas e não mais sobre essa única coisa sobre a qual escrevo. Veja você que estava eu com um cara até ele ler meus textos. Veja você que depois eu estava com outro cara até ele também ler meus textos. Te conto isso e você me diz "nós somos inseguros demais e queremos uma garota normal, entende?". Passa então um velho com um cachorro apesar da placa dizendo que é proibido cachorro na praia. E eu tento desfocar do tanto que o seu joelho me oprime e foco no velho. Não quero mais a página em branco do Word. A verdade, meu querido, é que estou cagando para o velho e seu cachorro e para a placa e para a praia. Você com seu joelho e com seu riso largo demais para o charme de maldade que você tenta impor. Você com essa única gota minúscula de suor dependurada no queixo. Você com esse cheiro bom que é mais forte dentro da "canaleta" que vai do centro do seu pescoço até o meio das costas. Você com esse buraco no meio do peito. O que é isso? Você levou um tiro? O que é isso que me dá vontade de te afundar um murro do tamanho da sua pose ou ficar pequena pra dormir de conchinha no centro do seu peito? Olhando para o cachorro que agora vai longe com o velho, Clarice faria um lindo texto sobre a solidão humana ou sobre o fim da vida ou sobre a amizade sem palavras ou sobre como é mais bonito quando um ser aceita ser inferior. Os barbudos melancólicos eternamente tentando inventar um novo jeito de ser o antigo. Os barbudos melancólicos do Mercearia fariam um texto sobre esse velho trepando com o cachorro, sobre a tentativa de não se vender ao sistema e contemplar a vida numa praia, andando com um cachorro. Eles fariam esse texto e se celebrariam e se publicariam e se premiariam. E eles são escritores respeitados. Eu sou apenas a garota angustiada, de cabeça metralhadora, de tremedeira na existência, de maxilares travados de tanto que dói gostar tanto de tudo. Eu sou apenas a garota que tenta ser amada. E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos, lobotomizar meu espírito pra estar agora menos obcecada pelo seu joelho magrelo. E então eu falaria pouco, teria alguma profissão sonsa dessas que a pessoa fica em cima de apostilas na madrugada ao invés de estar abaixo das estrelas e você poderia me dar a sua mão magrela e nós andaríamos pelas ondinhas secas que fazem bordas de espelho para nossas pernas que seguem juntas. Ou, se ser escritora fosse forte demais, que eu começasse então a escrever sobre o velho e o cachorro. Quem quer bancar a menina que escreve sobre suores e joelhos e cheiros? Eles são inseguros e querem uma garota normal, entende? Você agora penteia o cabelo pra trás, a gotinha de suor pinga na areia fazendo uma lágrima. Você se levanta e vai nadar sozinho. Antes, você se esbarra inteiro no meu corpo, como sempre faz só pra me atordoar e só porque é bem legal ter uma mulher como eu prestando tanta atenção em vocês. Vocês saberiam melhor o que fazer se eu fosse normal, mas algo dentro dessas covardias machistas simplórias e primatas ainda consegue distinguir como é bem legal ser admirado por uma mulher como eu. Antes de me deixar pirando em toda a sua magreza que flutua pelo mundo como uma música leve e impossível de tirar do repeat, você olha pra trás e diz: "mas deve ter alguém que não tenha medo". E eu jamais poderia escrever sobre o velho e sobre o cachorro, até porque eles desapareceram e eu nem percebi.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Lenine - É o que me interessa.



Daqui desse momento. Do meu olhar pra fora. O mundo é só miragem. A sombra do futuro, a sobra do passado. Assombram a paisagem. 
Quem vai virar o jogo, e transformar a perda, em nossa recompensa; Quando eu olhar pro lado, eu quero estar cercado, só de quem me interessa.
Às vezes é um instante, a tarde faz silêncio, o vento sopra a meu favor. Às vezes eu pressinto e é como uma saudade, de um tempo que ainda não passou. Me traz o seu sossego, atrasa o meu relógio, acalma a minha pressa. Me dá sua palavra, sussurra em meu ouvido, só o que me interessa.
A lógica do vento, o caos do pensamento, a paz na solidão, a órbita do tempo, a pausa do retrato, a voz da intuição, a curva do universo, a fórmula do acaso, o alcance da promessa, o salto do desejo, o agora e o infinito, só o que me interessa. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Caio F. Abreu



Me entende, eu não quis, eu não quero, eu sofro, eu tenho medo, me dá a tua mão, entende, por favor. Eu tenho medo, merda!Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fos...se e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto.

Achei esse post num dos meus antigos blogs, e resolvi postar aqui..

Todos os dias, eu costumo me fazer diversas perguntas sobre várias coisas e assuntos. Mas por que será que eu nunca encontro reposta para algumas delas? Por que será que nenhuma vozinha do além me diz o por que da coisas. Então eu torno a perguntar, cada vez mais forte, pois quem sabe assim, algum dia ela me responde. E eu pergunto, cada vez mais determinada e perseverante... Esperando a tal resposta. Pergunto, pergunto, e ufa... Pergunto! Mas ninguém me responde. Então, eu vou dormir com a certeza de que as minhas perguntas sem fundamento e algumas até sem sentido, nunca serão respondidas. Durmo, durmo. Acordo, e durmo. Acordo, e vou direto para a janela da sala de estar. Olho pela janela para ver se o sol já raiou, para ver se o dia já está claro e eu já posso sair para os meus afazeres matinais. Mas ainda é noite, e o dia está distante de mim. Mas por que? Por que droga isso tem que ser assim? Eu dormi, e acordei e essa droga de noite ainda não chegou ao fim? Mas que droga. Dou alguns passos até o sofá e me jogo como se estivesse me atirando numa cama elástica ou algo do tipo. Pego o controle remoto, e ligo a tv. Procuro algum canal que se adeqüe ao meu estado de humor, mas não encontro nada, o que eu procuro ainda não tem definição ou explicação. Apartir desse episódio do controle remoto e do canal de tv, percebo definitivamente, que por mais satisfeita que eu tente ser, ou por mais felicidade que eu tente transparecer aos outros, tão cedo eu não conhecerei o conceito dessa emoção que muitos que não estão interessados em descobrir, acabam descobrindo sem querer. Mas por que? por que tudo isso? pra que tanta dificuldade? Eu não sei, mas talvez o que eu esteja buscando para a minha vida não seja o mais fácil caminho, mas talvez seja o que me fará mais feliz. Uma vez eu escrevi num pedaço de papel, que 'Eu não queria morrer sem ter provado de todos os sabores da vida, de todas as palpitações possíveis. Não queria morrer sem conhecer o maior número de conceitos e opiniões em relação a Vida, possíveis.' Eu paro, penso e vejo que é realmente isso que eu quero para mim. Pode não ser o mais saudável caminho, pode não ser o mais admirável caminho aos olhos dos outros, mas eu não tenho planos de viver me baseando na vida dos outros, na verdade nem sei se eu tenho planos. Porque no final nunca saem do jeito que planejamos. É, talvez eu tenha resposta para algumas perguntas. Talvez isso tudo que acabei de escrever seja desnecessário já que 'eu tenho resposta para algumas perguntas', mas eu gosto disso... Eu gosto de como isso soa, e gosto do gosto que isso tem. E definitivamente, essa coisa toda me atrai cada vez mais.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O eu que existe em mim.

Eu caminhava, numa rua estreita e escura, numa noite fria, sombria. Os meus dedos gelados tocavam um no outro, e sentiam algo que nem eu mesma internamente conseguira sentir. Cada passo fazia um barulho penetrante, sim penetrante, porque tudo que antes acontecera, talvez tenha sido incapaz de penetrar na própria alma, e assim era. Mas, naquele momento todas as coisas que eu deveria achar que acreditava, eu passara a não acreditar. E tudo já não era suficiente... Me davam um carro, uma noite, estrelas cadente, uma flor, uma cor, e nada era suficiente. Me ofereciam seu bem mais precioso, me colocavam como portadora de sua posse mas, ainda assim nada era suficiente. E todas as coisas que eu pensara antes ser verdade, todos os sentimentos verdadeiros que eu achava que já havia sentido, eram todos controversos, misturados, embolados, machucados, falsificados. Nada antes havia sido verdadeiro, a julgar pelo fato de sentir errado. E sentia. Mas eu caminhava, continuava andando por aquelas ruas que pareciam becos inacabáveis, e eu pensava comigo mesma:" Quando haverá uma saída?", e não havia... Até que então, avistei uma luz bem lá no fim da estrada. Era uma luz iluminada, uma coisa chamativa, sabe? Daquelas que irradiam os olhos da gente, e nos transportam para um estado inconsciente, daqueles que mais parece um sonho. Mas, o engraçado dessa história toda, era que era real. Então eu continuei a caminhar. Quando deparei-me, estava frente a frente com ele. Sim, porque toda essa luz tinha um nome, tinha um fundamento, e como tinha. E eu reconheci a sua face, eu reconheci aquele vislumbre imenso, aquele ser humano incapaz de me fazer sentir a pior das piores sensações. O único ser que havia tentado abrir a gaveta mais profunda da minha alma, e conseguira. 
E eu me pergunto o por que disso todos os dias. Eu me pergunto: "Meu Deus, será que realmente mereço tudo isso?" Eu começo, e recomeço várias vezez, tentando achar um fim para esta frase. Mas, o que a nossa alma constrói nem mesmo um turbilhão consegue destruir. E eu gosto dessa idéia misteriosa de tentar enchegar o outro lado da vida, o lado metafórico de dizer. Mas, voltemos. Eu não sei como nem porque isso aconteceu, nem sei porque todas as coisas precisam ser tão complexas para fazer sentido na vida da gente, para deixar marcações positivas ou negativas, sejam elas o que for. Lembro-me de quando você me fazia sua  menina, lembro-me de cada momento juntos. Eu posso ter me esquecido de qualquer outra coisa, menos dos nossos momentos, tão únicos e tão nosso. E como boa menina que sou, como esperta que sou, apesar de não parecer(ou não), eu quero crer nisso. Eu quero lutar pelo que um dia foi meu, por aquele vislumbre que um dia encheu o meu rosto de cor, deixou minhas bochechas rosadas. Eu quero lutar pelo nosso doce predileto, pelo nosso pedaço de felicidade, quero te ajudar, quero lutar pelos nossos sorrisos, outra vez; Quero lutar pelo amor. Pelo nosso amor. 

Ps.: Ao meu querido, e doce amor

domingo, 9 de janeiro de 2011

Adia - Avril Lavigne.

 
Adia, I'm empty since you left me.
Trying to find a way to carry on,
I search myself and everyone
To see where we went wrong.

'Cause there's no one left to finger,
There's no one here to blame,
There's no one left to talk to, honey,
And there ain't no one to buy our innocence.
'Cause we are born innocent.
Believe me, Adia, we are still innocent.
It's easy, we all falter...
Does it matter?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Por mais felizes que sejamos hoje, o amanhã a Deus pertence.





Um novo dia é sempre um novo dia, e acompanhado de um novo dia.. Surgem, novas esperanças, novas conquistas, novas expectativas, novos planos. Novos pinguinhos de cremes dentais a serem usados, novas chícaras no café da manhã, novos ônibus a pegar, novas frases a serem ditas, novas pessoas a estarem ao nosso redor. É tudo sempre novo. Desconhecido. O Amanhã será sempre amanhã. E por que discutir com a lei da natureza? Com a lei das coisas desconhecidas? Se é que existe alguma lei que indique tal frase que acabei de ditar.
Construímos muitos sonhos no nosso dia-a-dia, costumamos planejar o nosso dia. Cada segundo, o que faremos, aonde iremos, com quem iremos, costumamos decidir nossas atitudes mentalmente para saber o que fazer na hora de colocá-las em ação. Mas, isso é um pouco relativo, nem todos pensam assim.. Mas, vamos acompanhar o raciocínio das pessoas que carregam consigo mesma a mesma tese que esta. Vamos lá.. Costumamos planejar tudo, tudo. E uma tarefa grandiosamente difícil é saber perfeitamente como colocá-las em prática, porque uma coisa é você desejar fazer ou ter, outra é você pensar em meios para tornar tais sonhos ou planos, viáveis. Esta é a parte complicada da vida, e ao mesmo tempo, a etapa mais normal do mundo. Enfrentar é um ofício oficial do ser humano. Cabe a cada um, saber como encarar essas pirâmides, e de preferência, da melhor maneira possível. 

Seguidores


"Talvez eu até esteja errado, mas que se dane. Se uma pessoa não tem paciência nem pra conquistar minha confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar, então? Sou quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um jogo mais fácil. Eu supero e agradeço." - Tati Bernardi